quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Casaco de lã

Hoje lembrei-me do Inverno.
Dos dias cinzentos, frios, pequenos.
Do cheiro da lareira, do meu casaco de lã,
da figueira sem folhas…
Duvidei, vendo agora as suas copas recheadas de verde,
que já tenham sido só troncos nus balançando ao vento.

Instala-se a dúvida acerca da minha alma ser,
eternamente, recheada dos teus mimos… quais folhas da figueira!

O Inverno há de voltar e tu hás de voltar a ti.
Dúvida vã!
E eu, com a minha alma de novo despida,
hei de ficar junto à lareira,
esquecida nas noites dos dias cinzentos, frios e pequenos…
De alma aconchegada no meu casaco de lã.

Paula Loureiro

Brand new me - Alicia Keys

terça-feira, 3 de setembro de 2013

Dei-te quase tudo - Paulo Gozo

Quase

"Ainda pior que a convicção do não é a incerteza do talvez, é a desilusão de um quase.
É o quase que me incomoda, que me entristece, que me mata trazendo tudo que poderia ter sido e não foi.
Quem quase ganhou ainda joga, quem quase passou ainda estuda, quem quase morreu está vivo, quem quase amou não amou.
Basta pensar nas oportunidades que escaparam pelos dedos, nas chances que se perdem por medo, nas idéias que nunca sairão do papel por essa maldita mania de viver no outono.
Pergunto-me, às vezes, o que nos leva a escolher uma vida morna; ou melhor não me pergunto, contesto.
A resposta eu sei de cor, está estampada na distância e frieza dos sorrisos, na frouxidão dos abraços, na indiferença dos “Bom dia”, quase que sussurrados.
Sobra covardia e falta coragem até pra ser feliz.
A paixão queima, o amor enlouquece, o desejo trai.
Talvez esses fossem bons motivos para decidir entre a alegria e a dor, sentir o nada, mas não são.
Se a virtude estivesse mesmo no meio termo, o mar não teria ondas, os dias seriam nublados e o arco-íris em tons de cinza.
O nada não ilumina, não inspira, não aflige nem acalma, apenas amplia o vazio que cada um traz dentro de si.
Não é que fé mova montanhas, nem que todas as estrelas estejam ao alcance, para as coisas que não podem ser mudadas resta-nos somente paciência porém, preferir a derrota prévia à dúvida da vitória é desperdiçar a oportunidade de merecer.
Pros erros há perdão; pros fracassos, chance; pros amores impossíveis, tempo. De nada adianta cercar um coração vazio ou economizar alma. Um romance cujo fim é instantâneo ou indolor não é romance.
Não deixe que a saudade sufoque, que a rotina acomode, que o medo impeça de tentar.
Desconfie do destino e acredite em você. Gaste mais horas realizando que sonhando, fazendo que planejando, vivendo que esperando porque, embora quem quase morre esteja vivo, quem quase vive já morreu.
Ainda pior que a convicção do não é a incerteza do talvez, é a desilusão de um quase.
É o quase que me incomoda, que me entristece, que me mata trazendo tudo que poderia ter sido e não foi.
Quem quase ganhou ainda joga, quem quase passou ainda estuda, quem quase morreu está vivo, quem quase amou não amou.
Basta pensar nas oportunidades que escaparam pelos dedos, nas chances que se perdem por medo, nas idéias que nunca sairão do papel por essa maldita mania de viver no outono.
Pergunto-me, às vezes, o que nos leva a escolher uma vida morna; ou melhor não me pergunto, contesto.
A resposta eu sei de cor, está estampada na distância e frieza dos sorrisos, na frouxidão dos abraços, na indiferença dos “Bom dia”, quase que sussurrados.
Sobra covardia e falta coragem até pra ser feliz.
A paixão queima, o amor enlouquece, o desejo trai.
Talvez esses fossem bons motivos para decidir entre a alegria e a dor, sentir o nada, mas não são.
Se a virtude estivesse mesmo no meio termo, o mar não teria ondas, os dias seriam nublados e o arco-íris em tons de cinza.
O nada não ilumina, não inspira, não aflige nem acalma, apenas amplia o vazio que cada um traz dentro de si.
Não é que fé mova montanhas, nem que todas as estrelas estejam ao alcance, para as coisas que não podem ser mudadas resta-nos somente paciência porém, preferir a derrota prévia à dúvida da vitória é desperdiçar a oportunidade de merecer.
Pros erros há perdão; pros fracassos, chance; pros amores impossíveis, tempo. De nada adianta cercar um coração vazio ou economizar alma. Um romance cujo fim é instantâneo ou indolor não é romance.
Não deixe que a saudade sufoque, que a rotina acomode, que o medo impeça de tentar.
Desconfie do destino e acredite em você. Gaste mais horas realizando que sonhando, fazendo que planejando, vivendo que esperando porque, embora quem quase morre esteja vivo, quem quase vive já morreu."
Luis Fernando Veríssimo

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Run - Snow Patrol

"Escreve. Seja uma carta, um diário ou umas notas enquanto falas ao telefone, mas escreve. Procura desnudar a tua alma por escrito, ainda que ninguém leia; ou, o que é pior, que alguém acabe lendo o que não querias. O simples acto de escrever ajuda-nos a organizar o pensamento e a ver com mais clareza o que nos rodeia. Um papel e uma caneta fazem milagres, curam dores, consolidam sonhos, levam e trazem a esperança perdida. As palavras têm poder."

Paulo Coelho, in "Maktub"

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

O teu nome - Miguel Gameiro

ON/OFF

Constantemente me desligo
e constantemente volta o pensamento.
Afasto-o para longe, fico off,
mas ele volta, teimoso, como o vento.

Apago a memória, faço “delete”.
Concentro-me no que faço a cem por cento.
E sem que eu queira faz-se luz verde
e estou ligada! É um tormento!...

E desligo, insisto em assim ficar:
mente vazia, coração em modo lento.
Mas não adianta, quando dou conta “on” de novo
e acende-se a luz do sentimento!

On/off; on/off… que teimosia!
E fica a dúvida – qual é o estado melhor?
Houvesse alguém que me ligasse para sempre
E eu deixaria de balançar constantemente…

Paula Loureiro

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Poema de Nando Reis

"Quando eu estiver triste
Simplesmente me abrace.
Quando eu estiver louco
Subitamente se afaste.
Quando eu estiver fogo
Simplesmente se encaixe.
E quando eu estiver bobo
Subtilmente disfarce.
Mas quando eu estiver morto
Suplico que não me mate...
de dentro de ti!"


Nando Reis

Esse amor que pintaste - Anjos

terça-feira, 6 de agosto de 2013

Loucura

Quem oferece “Tudo”
mesmo que seja “pouco”
não é louco!
E se o for, então,
que seja muito,
que o seja sempre,
que o seja com toda a gente!

E se toda a gente
achar “pouca”
essa loucura…
Que isso te seja indiferente.
Que haja sempre entre a gente
alguém, louco também,
que te leia e se sinta
mais louco que ninguém!

Paula Loureiro

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

"Eu volto
à casa onde contigo se demorou o verão e arrumo
os livros, escondo as cartas, viro os retratos
para a mesa. Sei que o tempo se magoou de nós,
sei que não voltas, e ouço dizer que as aves
partem sempre assim, subitamente."

Maria do Rosário Pedreira

Back to... - Taylor Swift

"Message in a bottle"

Escreveu-lhe uma carta,
De amor, de ternura,
De dor e amargura…

Depois fez um rolinho
daquele papelinho
onde os sonhos sonhados
ficaram guardados, amaldiçoados
em aroma de vinho.

Na verde garrafa
deixou as esperanças
e demais lembranças daquela loucura.
Deixou-a na areia, longe da maré,
mas perto da Vida que não era a sua.

De prancha na mão
caminhou seguro rumo à imensidão.
Fez dos braços remos, da lua destino,
do sol fez farol, da dor fez caminho.

A Vida ficou,
tal como a deixou, na areia da praia,
dentro da garrafa, fechada, selada…
Tão cheia de tudo à espera de nada…


Viveu sem a Vida, o resto da vida,
viveu sem viver.
Nas ondas do tempo, no seu desalento,
morreu sem saber…
E aquela mensagem na areia da praia
ninguém nunca a leu.
Levou-lha um anjo, pousou-a em seu peito,
no dia… em que Ela morreu.


Paula Loureiro

Mentira - João Pedro Pais

terça-feira, 23 de julho de 2013

If you're not the one - Daniel Bedingfield


Houve um tempo...

Houve um tempo em que não havia
internet, nem telemóveis.
E nem todas as casas tinham um telefone fixo.

Quando, no meu quarto de estudante universitária,
as saudades apertavam, eu descia a rua,
de credifone no bolso,
até à cabine que me levava ao som da tua voz.

Tinha sempre um mundo pra te contar.
Tu ias ouvindo (será que me ouvias mesmo?!)
e ias dizendo: "Sim... Pois...".

Subia de novo a rua. Era noite, às vezes chovia.
Credifone vazio no bolso. Tal como a alma
sedenta de ouvir o teu mundo, que nunca chegavas a contar.
Prometia a mim mesma não voltar a descer a rua
de credifone no bolso e encher a alma, apenas,
de mensagens que chegassem por telepatia...

Ana Lee

segunda-feira, 15 de julho de 2013

Poema Origami

Dobrei em quatro o papel
onde te escrevi o primeiro verso.
Mais tarde, uma quadra, em forma de chapéu.
Seguiu-se um barco de estrofes soltas,
perdidas, num olhar teu.
Quando te fiz um soneto dobrei-o num avião,
que colei no teu sorriso, desejando-o meu.

No dia em que tu fores embora,
ficará em mim um pequeno grande vazio…
E eu vou desejar ter sabido dobrar este papel
em forma de automóvel,
pois por cá não há mares nem rios pra navegar.
E se viesses de avião
passarias rápido demais  pra eu te contar
sobre o pequeno grande vazio que ficou
quando foste embora.


Paula Loureiro

quinta-feira, 11 de julho de 2013

Here Without You - 3 Doors Down

Súplica - Miguel Torga

Agora que o silêncio é um mar sem ondas,
E que nele posso navegar sem rumo,
Não respondas
Às urgentes perguntas
Que te fiz.
Deixa-me ser feliz
Assim,
Já tão longe de ti como de mim.

Perde-se a vida a desejá-la tanto.
Só soubemos sofrer, enquanto
O nosso amor
Durou.
Mas o tempo passou,
Há calmaria...
Não perturbes a paz que me foi dada.
Ouvir de novo a tua voz seria
Matar a sede com água salgada.

Miguel Torga

sexta-feira, 5 de julho de 2013

quinta-feira, 4 de julho de 2013

Anjos sem asas - Amanda Vieira

Amigos são como anjos, anjos sem asas. Mas que com um único sorriso nos proporcionam tamanha alegria que nos levam até o céu. E quando os vemos chorar é como se despencássemos de uma alta nuvem.
Amigos são anjos pelo simples fato de serem mandados por Deus, para nos consolar, nos alegrar, compartilhar os momentos mais importantes das nossas vidas.
Pessoas comuns de lugares e costumes diferentes. Chegam como o vento e alguns vão embora com ele, assim também. Mas uma coisa é certa, seus melhores amigos sempre estarão lá. E não importa o quão distante seu anjo esteja de você, os seus corações sempre estarão unidos. Porque a força de uma amizade verdadeira vence qualquer obstáculo, supera qualquer mágoa. Seu verdadeiro amigo sempre estará lá para secar qualquer lágrima que apenas ouse cair, se desesperar ao telefone por não poder correr e te abraçar naquele momento. Mas ele estará lá.
A força da amizade fica nas lembranças que nunca serão apagadas.
Por mais que o tempo passe e tudo mude isso não acaba. Seu anjo é pra sempre.


Amanda Vieira

quarta-feira, 3 de julho de 2013

My Immortal - Evanescence

O Corvo, de Edgard Allan Poe

Numa meia-noite agreste, quando eu lia, lento e triste,
Vagos, curiosos tomos de ciências ancestrais,
E já quase adormecia, ouvi o que parecia
O som de algúem que batia levemente a meus umbrais.
"Uma visita", eu me disse, "está batendo a meus umbrais.
É só isto, e nada mais."

Ah, que bem disso me lembro! Era no frio dezembro,
E o fogo, morrendo negro, urdia sombras desiguais.
Como eu qu'ria a madrugada, toda a noite aos livros dada
P'ra esquecer (em vão!) a amada, hoje entre hostes celestiais -
Essa cujo nome sabem as hostes celestiais,
Mas sem nome aqui jamais!

Como, a tremer frio e frouxo, cada reposteiro roxo
Me incutia, urdia estranhos terrores nunca antes tais!
Mas, a mim mesmo infundido força, eu ia repetindo,
"É uma visita pedindo entrada aqui em meus umbrais;
Uma visita tardia pede entrada em meus umbrais.
É só isto, e nada mais".

E, mais forte num instante, já nem tardo ou hesitante,
"Senhor", eu disse, "ou senhora, decerto me desculpais;
Mas eu ia adormecendo, quando viestes batendo,
Tão levemente batendo, batendo por meus umbrais,
Que mal ouvi..." E abri largos, franqueando-os, meus umbrais.
Noite, noite e nada mais.

A treva enorme fitando, fiquei perdido receando,
Dúbio e tais sonhos sonhando que os ninguém sonhou iguais.
Mas a noite era infinita, a paz profunda e maldita,
E a única palavra dita foi um nome cheio de ais -
Eu o disse, o nome dela, e o eco disse aos meus ais.
Isso só e nada mais.

Para dentro então volvendo, toda a alma em mim ardendo,
Não tardou que ouvisse novo som batendo mais e mais.
"Por certo", disse eu, "aquela bulha é na minha janela.
Vamos ver o que está nela, e o que são estes sinais."
Meu coração se distraía pesquisando estes sinais.
"É o vento, e nada mais."

Abri então a vidraça, e eis que, com muita negaça,
Entrou grave e nobre um corvo dos bons tempos ancestrais.
Não fez nenhum cumprimento, não parou nem um momento,
Mas com ar solene e lento pousou sobre os meus umbrais,
Num alvo busto de Atena que há por sobre meus umbrais,
Foi, pousou, e nada mais.

E esta ave estranha e escura fez sorrir minha amargura
Com o solene decoro de seus ares rituais.
"Tens o aspecto tosquiado", disse eu, "mas de nobre e ousado,
Ó velho corvo emigrado lá das trevas infernais!
Dize-me qual o teu nome lá nas trevas infernais."
Disse o corvo, "Nunca mais".

Pasmei de ouvir este raro pássaro falar tão claro,
Inda que pouco sentido tivessem palavras tais.
Mas deve ser concedido que ninguém terá havido
Que uma ave tenha tido pousada nos meus umbrais,
Ave ou bicho sobre o busto que há por sobre seus umbrais,
Com o nome "Nunca mais".

Mas o corvo, sobre o busto, nada mais dissera, augusto,
Que essa frase, qual se nela a alma lhe ficasse em ais.
Nem mais voz nem movimento fez, e eu, em meu pensamento
Perdido, murmurei lento, "Amigo, sonhos - mortais
Todos - todos já se foram. Amanhã também te vais".
Disse o corvo, "Nunca mais".

A alma súbito movida por frase tão bem cabida,
"Por certo", disse eu, "são estas vozes usuais,
Aprendeu-as de algum dono, que a desgraça e o abandono
Seguiram até que o entono da alma se quebrou em ais,
E o bordão de desesp'rança de seu canto cheio de ais
Era este "Nunca mais".

Mas, fazendo inda a ave escura sorrir a minha amargura,
Sentei-me defronte dela, do alvo busto e meus umbrais;
E, enterrado na cadeira, pensei de muita maneira
Que qu'ria esta ave agoureia dos maus tempos ancestrais,
Esta ave negra e agoureira dos maus tempos ancestrais,
Com aquele "Nunca mais".

Comigo isto discorrendo, mas nem sílaba dizendo
À ave que na minha alma cravava os olhos fatais,
Isto e mais ia cismando, a cabeça reclinando
No veludo onde a luz punha vagas sobras desiguais,
Naquele veludo onde ela, entre as sobras desiguais,
Reclinar-se-á nunca mais!

Fez-se então o ar mais denso, como cheio dum incenso
Que anjos dessem, cujos leves passos soam musicais.
"Maldito!", a mim disse, "deu-te Deus, por anjos concedeu-te
O esquecimento; valeu-te. Toma-o, esquece, com teus ais,
O nome da que não esqueces, e que faz esses teus ais!"
Disse o corvo, "Nunca mais".

"Profeta", disse eu, "profeta - ou demônio ou ave preta!
Fosse diabo ou tempestade quem te trouxe a meus umbrais,
A este luto e este degredo, a esta noite e este segredo,
A esta casa de ância e medo, dize a esta alma a quem atrais
Se há um bálsamo longínquo para esta alma a quem atrais!
Disse o corvo, "Nunca mais".

"Profeta", disse eu, "profeta - ou demônio ou ave preta!
Pelo Deus ante quem ambos somos fracos e mortais.
Dize a esta alma entristecida se no Éden de outra vida
Verá essa hoje perdida entre hostes celestiais,
Essa cujo nome sabem as hostes celestiais!"
Disse o corvo, "Nunca mais".

"Que esse grito nos aparte, ave ou diabo!", eu disse. "Parte!
Torna á noite e à tempestade! Torna às trevas infernais!
Não deixes pena que ateste a mentira que disseste!
Minha solidão me reste! Tira-te de meus umbrais!
Tira o vulto de meu peito e a sombra de meus umbrais!"
Disse o corvo, "Nunca mais".

E o corvo, na noite infinda, está ainda, está ainda
No alvo busto de Atena que há por sobre os meus umbrais.
Seu olhar tem a medonha cor de um demônio que sonha,
E a luz lança-lhe a tristonha sombra no chão há mais e mais,
Libertar-se-á... nunca mais!


Tradução de Fernando Pessoa

quinta-feira, 27 de junho de 2013

You Raise Me Up - Westlife

O Entendimento das Almas, Luigi Pirandello

As almas têm um modo especial de se entenderem, de entrarem em intimidade, de se tratarem, até, por tu, enquanto as pessoas ainda se sentem embaraçadas com o comércio das palavras, na escravidão das exigências sociais. As almas têm necessidades próprias e aspirações próprias, que o corpo finge não reconhecer quando se vê impossibilitado de as satisfazer, de as traduzir em acções. E de todas as vezes que duas pessoas comunicam entre si desta maneira, apenas como almas, se encontram a sós num qualquer lugar, experimentam uma perturbação angustiosa e quase um repúdio violento de todo e qualquer contacto material, um sofrimento que os afasta e que cessa de imediato logo que intervém uma terceira pessoa. Então, desvanecida a angústia, as duas almas aliviadas buscam-se reciprocamente e voltam a sorrir uma para a outra.

Luigi Pirandello , in 'O Falecido Mattias Pascal'