Escreveu-lhe uma carta,
De amor, de ternura,
De dor e amargura…
Depois fez um rolinho
daquele papelinho
onde os sonhos sonhados
ficaram guardados, amaldiçoados
em aroma de vinho.
Na verde garrafa
deixou as esperanças
e demais lembranças daquela loucura.
Deixou-a na areia, longe da maré,
mas perto da Vida que não era a sua.
De prancha na mão
caminhou seguro rumo à imensidão.
Fez dos braços remos, da lua destino,
do sol fez farol, da dor fez caminho.
A Vida ficou,
tal como a deixou, na areia da praia,
dentro da garrafa, fechada, selada…
Tão cheia de tudo à espera de nada…
Viveu sem a Vida, o resto da vida,
viveu sem viver.
Nas ondas do tempo, no seu desalento,
morreu sem saber…
E aquela mensagem na areia da praia
ninguém nunca a leu.
Levou-lha um anjo, pousou-a em seu peito,
no dia… em que Ela morreu.
Paula Loureiro
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