A insustentável leveza do ser

Quando tinha o hábito de ler também tinha o hábito de transcrever para um caderno as frases que mais me marcavam ou com as quais me identificava. Sem dúvida nenhuma que o livro do qual transcrevi mais frases foi “A insustentável leveza do ser”, de Milan Kundera.  Deixei de ter tempo disponível para que ler continuasse a ser um hábito…infelizmente, mas, talvez para matar saudades, muitas vezes peguei nesse caderno para reler frases, pensamentos, citações…

Desse livro, que li há mais de 20 anos, acabei por decorar algumas passagens, como esta:

“O acaso tem seus sortilégios, a necessidade não. Para que um amor seja inesquecível, é preciso que os acasos se encontrem nele desde o primeiro instante como os pássaros nos ombros de São Francisco de Assis”.

Há cerca de 2 meses comprei o livro. Ficou em stand by, à espera de tempo disponível para ser lido de novo.

Entretanto ouvi falar do filme “Anna Karenina”. Talvez por ter gostado de outros filmes do mesmo realizador e da atriz principal tive um enorme desejo de o ver, o que acabou por acontecer numa semana cheia de trabalho da escola, convidada por uma amiga que me “obriga”, por vezes, a fazer coisas fantásticas… só o sei mais tarde!!! Escusado será dizer que adorei o filme!

Há poucos dias comecei a (re) ler “A insustentável leveza do ser”. Deliciada, fui reencontrando, uma a uma, as frases que tenho no meu caderninho! Mas encontrei outra coisa. Da qual já não tinha ideia! O livro faz várias referências à obra “Ana Karenina”, de Tolstói. Coincidência? Acaso?!...  Não sei! Só sei que não podia deixar de escrever sobre isto! E decidi que este blogue vai passar a ser o caderninho virtual onde escreverei passagens dos livros que vou ler a partir deste. Porque ler vai voltar a ser um hábito!

“Não há razão nenhuma para censurar aos romances o seu fascínio pelos misteriosos cruzamentos dos acasos, mas há boas razões para censurar o homem por ser cego a esses acasos na sua vida quotidiana e assim privar a vida da sua dimensão de beleza.”

Paula Loureiro